13/08/2010

Alheio, presidente da FPF desfruta de supermandato.

Dirigente, que ganhou o direito de ficar no cargo até o fim do Mundial no Brasil, está ausente da discussão em torno do evento.
No movimentado debate atual sobre a participação de Curitiba na Copa do Mundo de 2014, cercado por incertezas, qual tem sido a atuação de Hélio Cury, presidente da Federação Paranaense de Futebol? Segundo o próprio dirigente, nenhuma.
A justificativa, para Cury, é muito simples. O assunto chegou ao aspecto financeiro. Tema que ele, apesar da condição de comandante da entidade máxima do futebol do Paraná, diz não ter como contribuir. “Finanças é com o BNDES, o governo federal, do estado, a prefeitura e o Atlé­­ti­­co. Eu não posso ajudar em nada disso”, afirma.
Ausência que surpreende no caso de alguém que teve o mandato à frente da FPF ampliado justamente em virtude do evento. Em dezembro de 2008, por proposição do Novo Mundo, equipe amadora do futebol curitibano, ficou decidido que, se a capital fosse sede em 2014, o reinado de Cury se estenderia até o final do mesmo ano – a previsão é de que terminasse em abril de 2012.
“Não é justo o Hélio comer o osso e quando chegar o filé mignon vir outro e levar”, discursou, à época, o presidente do No­­vo Mundo, Moacir Ribas Czeck. Ma­­nobra que passou pela assembleia-geral e foi endossada pelo Coritiba, na pessoa do presidente Jair Cirino. O Atlético si­­lenciou.
Também na oportunidade, ficou garantido ao cartola a possibilidade de reeleger-se. Assim, no fim das contas, Cury pode permanecer no Tarumã, onde fica hospedada a Federação, até 2022. Tudo associado à Copa do Mundo.
Mesmo que a falta de uma solução para viabilizar o término da Arena – estádio escolhido para receber as partidas – tenha colocado em risco a presença de Curitiba no projeto brasileiro. Segundo Cury, as atribuições da FPF se encerraram quando a Fifa anunciou, em maio de 2009, as 12 cidades escolhidas como anfitriãs da Copa no Brasil.
“A Federação fez a sua parte, no relacionamento com governo de estado, prefeitura e CBF. Obrigação nossa. Cada momento é momento de uma situação. No momento político-esportivo, trabalhamos com sobras. Poste­­rior­­mente, não é da alçada dela”, diz.
De fato. Este ano, a participação mais chamativa de Cury relacionada ao Mundial foi na entrega do título de cidadão honorário a Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do comitê organizador da Copa 2014, em maio, na Câ­­mara Municipal de Curitiba.
Depois, em junho, ele marcou presença na Agência Filaté­­li­­ca dos Correios, também na capital, para o lançamento de um selo alusivo ao Mundial de 2010. Na oportunidade, sugeriu que, daqui a quatro anos, nova emissão comemorativa seja promovida.
No mais, não compareceu às reuniões do comitê paranaense, nem viajou à África do Sul, para a revelação da logomarca brasileira, evento recheado de políticos e dirigentes da bola. “Não te­­nho obrigação nenhuma de ir. Não é da minha alçada. Até porque, para ir você tem de ser convidado”, declara.

Não se fala mais em plano B.
Mesmo com detalhes técnicos e jurídicos ainda pendentes, nenhum dos envolvidos admite mais falar em plano B para uma eventual reviravolta da confirmação da Arena da Baixada como estádio paranaense na Copa de 2014.
Hoje os integrantes da co­­missão responsável pela engenharia técnica e financeira que pretende viabilizar as obras na praça esportiva atleticana deve apresentar ao governador Orlando Pessuti e ao prefeito Luciano Ducci os avanços ocorridos desde o primeiro encontro do grupo, na quarta-feira. Até o assinamento do termo de conduta, as informações serão mantidas em sigilo.
“Agora é apenas a parte bu­­­rocrática. Gostaríamos de assinar o termo de ajuste de conduta entre as partes (governo, prefeitura e Atlético) até se­­gunda-feira, mas depende de como as coisas andarão nos próximos dias”, admite o secretário especial para a Copa, Al­­gaci Túlio.

Patrocínio está em fase de estudos.
O projeto de incentivo ao esporte ela­­borado pelo governo estadual via patrocínio da Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica), que teve protocolo de intenções divulgado na ultima terça-feira, ainda não pas­­sa de uma ideia. É o que afirma o presidente da empresa, Ronald Ravedutti. “Não está totalmente finalizada”, conta, atribuindo responsabilidades também à Secretaria da Educação e à autarquia Paraná Esporte. De concreto, apenas duas coisas: os valores que circulam na mídia estão aquém do investimento e o mesmo será em dinheiro vivo.
A informação de que os clubes paranaenses que disputam torneios nacionais (Iraty e Operário na Série D, Coritiba e Paraná na B e Atlético na A) receberiam R$ 300 mil até o final do ano não procede, de acordo com Ravedutti. “Alguém falou bobagem. Ainda está em dis­­cussão, mas provavelmente será mais.”
O estudo deve privilegiar mercados. Evidentemente, o retorno institucional em um clube de maior porte é de diferente proporção a um que disputa uma divisão inferior. Logo, de acordo com Ravedutti, não haverá isonomia paternalista: “Vai haver diferença, sim. O critério de exposição de mídia será adotado. Provavelmente, aqueles que estão na Série A e B ganharão o mesmo e C e D serão outros valores”, conta.
Entretanto, a principal razão do incentivo da Copel não é publicitária. “O foco é social. Ajudar o esporte e, através dele, tirar as crianças da rua”, exemplifica, dizendo que os clubes devem investir nas escolinhas. Não só o futebol seria privilegiado no projeto. Todas as federações esportivas olím­­picas e paraolímpicas seriam agraciadas, em um período ainda indeterminado. “Estamos conversando e adequando às temporadas de cada um. Cada esporte inicia o processo em épocas diferentes”.
O montante do investimento deverá ser grande, de acordo com o presidente copeliano. “Tem de haver uma verba que dê sustentabilidade a isso”, conta. Outro ponto, ainda em debate, é que o direito adquirido seja mantido. Um exemplo são os clubes da Série D, sem vaga garantida nos torneios nacionais em 2011. Ravedutti propõe que o projeto não pare. “Se houver um trabalho bom no clube, não podemos parar apenas porque não se classificou.”
A ideia, que surgiu após a rejeição da aplicação em marketing no naming rights da Arena, não tem prazo para entrar em vigor. Pode ser que ainda este ano a marca da empresa esteja atrelada ao esporte local. Tudo está nas mãos de um colegiado. “Um grupo dentro da Copel, com gente da Secretaria da Educação e da Paraná Esporte. E o governador estará analisando tudo, até porque é o controlador da empresa”, explica Ravedutti.