Presidente da CBF se cansa das indefinições em torno da viabilidade financeira da Arena. BNDES não aceita garantias via potencial construtivo. E governo agora cogita usar um fundo próprio.
A CBF perdeu a paciência com o comitê paranaense da Copa 2014. Ontem, em uma reunião de última hora, os representantes do estado foram colocados contra a parede pelo presidente da entidade. Chegaram para contar sobre as reformas do Aeroporto Afonso Pena, mas ao invés de elogios receberam um ultimato de Ricardo Teixeira sobre a indefinição da finalização da Arena da Baixada.
“O presidente disse que não tem mais muito que esperar. Ou dá uma definição imediata ou Curitiba vai ficar fora da Copa. Não tem estádio”, afirmou o diretor de comunicação do Comitê Organizador Local e da CBF, Rodrigo Paiva. Para a entidade, a situação teria passado do limite. “O imediato é muito próximo, não é uma data específica. As autoridades do Paraná sabem o que é esse imediato. Não tem mais tempo para brincar, pois o estádio não fica pronto a tempo da Copa.”
Esse foi apenas o primeiro revés parananense. Logo depois, o que poderia ser a solução rápida, virou sinônimo de nova indefinição para o governador Orlando Pessuti e o prefeito Luciano Ducci: o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) não aceitou os títulos de potencial construtivo da cidade de Curitiba como garantia para emprestar cerca de R$ 90 milhões para o Atlético.
A única forma de o banco viabilizar a obra seria repassando o dinheiro diretamente a uma construtora que tivesse garantias próprias (imóveis, etc.) para receber o montante. Daí, tal construtora receberia em troca o potencial construtivo da prefeitura de Curitiba para utilizar, ou vender, quando bem entendesse.
Essa hipótese, contudo, é difícil. Por dois motivos. Um deles é que as vantagens de se assumir uma obra assim praticamente inexistem – o construtor não poderá explorar espaços na Arena. O outro ponto é uma simples questão de tempo, já que ainda não existe tal construtora interessada e os prazos ficam cada dia mais apertados.
Nessa sinuca de bico, o governo estadual já estuda uma terceira e polêmica alternativa: emprestar, ele mesmo, o dinheiro. A operação seria feita pelo Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE) do governo do estado, que repassaria os 2/3 necessários para financiar a reformulação e finalização da Arena para o Atlético. Com isso, o poder público aceitaria os títulos rejeitados como garantia de pagamento e cobraria bem menos do que os 11% de juros anuais do BNDES. Se prosperar, o negócio só sai mediante aprovação da Assembleia Legislativa.
No caso do FDE, dinheiro não seria problema. Só em ações da automobilística Renault, ele ostenta mais de R$ 200 milhões. O fundo também poderá servir como uma nova tentativa de garantia para convencer o BNDES a bancar as obras.
Essas novas alternativas vêm sendo cogitadas desde a semana passada, quando o comitê paranaense já teria indícios de que o negócio com o banco estatal não iria para frente. Para ganhar tempo, contudo, manteve – e ainda mantém – o discurso otimista de sempre.
“Uma certeza nós levamos das reuniões do Rio de Janeiro: que o financiamento pode sim ser concedido pelo BNDES e que Curitiba e o Paraná sediarão [sic] a Copa do Mundo”, afirmou o governador Orlando Pessuti, via gravação enviada por sua assessoria.
Governos ignoram recusa e ultimato
O governo do estado e a prefeitura de Curitiba tentaram abafar a recusa do BNDES em aceitar o potencial construtivo como garantia de viabilidade financeira para as obras na Arena. O discurso do governador Orlando Pessuti após as reuniões de ontem, no Rio, também omitiu o ultimato feito pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Textos publicados nos sites das administrações estadual e municipal mascaravam as informações. Com tom de otimismo, informavam que o BNDES poderá financiar a obra desde que uma construtora (nenhuma apresentou interesse até agora) consiga as garantias econômicas. O fato de o banco negar a proposta inicial foi ignorado. Em veículos oficiais e por meio do perfil no Twitter, Pessuti não mencionou que Teixeira demonstrou irritação com a indefinição. “Curitiba é uma cidade-sede!”, cravou no microblog.
Reação
Atlético já considerava a tentativa fracassada
Reclamando de não ter sido informado oficialmente da recusa do BNDES em financiar as obras da Arena da Baixada, o Atlético alegou que já imaginava que a resposta aguardada pelo governo do estado e pela prefeitura de Curitiba seria negativa.
Após ter confirmado um assento no avião da administração estadual que levou as autoridades ao Rio de Janeiro, o presidente atleticano Marcos Malucelli cancelou sua viagem no início da manhã de ontem. O avião partiu com um banco vazio. E sem nenhum representante do Rubro-Negro. Atitude que desagradou a comitiva paranaense que se deslocou à capital fluminense.
“No início da manhã apareceram compromissos particulares e eu avisei que não poderia ir. Não vejo nenhum problema [de o Atlético não enviar representante]. Também não participamos das outras reuniões”, afirmou Malucelli.
Há aproximadamente um mês o dirigente fez consulta informal ao banco estatal para saber se a manobra do potencial construtivo seria aceita como garantia econômica. Segundo ele, a resposta já havia sido não. “É mais uma dificuldade para o governo do estado e para a prefeitura de Curitiba”, alegou o presidente, que vê na hipótese de construtoras conseguirem o financiamento uma chance maior de sucesso. “Está sendo assim com grandes construtoras em outras cidades”, opinou.
Uma nota oficial avisando que o Furacão não havia sido informado oficialmente do assunto foi publicada no site atleticano no início da noite.
“O presidente disse que não tem mais muito que esperar. Ou dá uma definição imediata ou Curitiba vai ficar fora da Copa. Não tem estádio”, afirmou o diretor de comunicação do Comitê Organizador Local e da CBF, Rodrigo Paiva. Para a entidade, a situação teria passado do limite. “O imediato é muito próximo, não é uma data específica. As autoridades do Paraná sabem o que é esse imediato. Não tem mais tempo para brincar, pois o estádio não fica pronto a tempo da Copa.”
Esse foi apenas o primeiro revés parananense. Logo depois, o que poderia ser a solução rápida, virou sinônimo de nova indefinição para o governador Orlando Pessuti e o prefeito Luciano Ducci: o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) não aceitou os títulos de potencial construtivo da cidade de Curitiba como garantia para emprestar cerca de R$ 90 milhões para o Atlético.
A única forma de o banco viabilizar a obra seria repassando o dinheiro diretamente a uma construtora que tivesse garantias próprias (imóveis, etc.) para receber o montante. Daí, tal construtora receberia em troca o potencial construtivo da prefeitura de Curitiba para utilizar, ou vender, quando bem entendesse.
Essa hipótese, contudo, é difícil. Por dois motivos. Um deles é que as vantagens de se assumir uma obra assim praticamente inexistem – o construtor não poderá explorar espaços na Arena. O outro ponto é uma simples questão de tempo, já que ainda não existe tal construtora interessada e os prazos ficam cada dia mais apertados.
Nessa sinuca de bico, o governo estadual já estuda uma terceira e polêmica alternativa: emprestar, ele mesmo, o dinheiro. A operação seria feita pelo Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE) do governo do estado, que repassaria os 2/3 necessários para financiar a reformulação e finalização da Arena para o Atlético. Com isso, o poder público aceitaria os títulos rejeitados como garantia de pagamento e cobraria bem menos do que os 11% de juros anuais do BNDES. Se prosperar, o negócio só sai mediante aprovação da Assembleia Legislativa.
No caso do FDE, dinheiro não seria problema. Só em ações da automobilística Renault, ele ostenta mais de R$ 200 milhões. O fundo também poderá servir como uma nova tentativa de garantia para convencer o BNDES a bancar as obras.
Essas novas alternativas vêm sendo cogitadas desde a semana passada, quando o comitê paranaense já teria indícios de que o negócio com o banco estatal não iria para frente. Para ganhar tempo, contudo, manteve – e ainda mantém – o discurso otimista de sempre.
“Uma certeza nós levamos das reuniões do Rio de Janeiro: que o financiamento pode sim ser concedido pelo BNDES e que Curitiba e o Paraná sediarão [sic] a Copa do Mundo”, afirmou o governador Orlando Pessuti, via gravação enviada por sua assessoria.
Governos ignoram recusa e ultimato
O governo do estado e a prefeitura de Curitiba tentaram abafar a recusa do BNDES em aceitar o potencial construtivo como garantia de viabilidade financeira para as obras na Arena. O discurso do governador Orlando Pessuti após as reuniões de ontem, no Rio, também omitiu o ultimato feito pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Textos publicados nos sites das administrações estadual e municipal mascaravam as informações. Com tom de otimismo, informavam que o BNDES poderá financiar a obra desde que uma construtora (nenhuma apresentou interesse até agora) consiga as garantias econômicas. O fato de o banco negar a proposta inicial foi ignorado. Em veículos oficiais e por meio do perfil no Twitter, Pessuti não mencionou que Teixeira demonstrou irritação com a indefinição. “Curitiba é uma cidade-sede!”, cravou no microblog.
Reação
Atlético já considerava a tentativa fracassada
Reclamando de não ter sido informado oficialmente da recusa do BNDES em financiar as obras da Arena da Baixada, o Atlético alegou que já imaginava que a resposta aguardada pelo governo do estado e pela prefeitura de Curitiba seria negativa.
Após ter confirmado um assento no avião da administração estadual que levou as autoridades ao Rio de Janeiro, o presidente atleticano Marcos Malucelli cancelou sua viagem no início da manhã de ontem. O avião partiu com um banco vazio. E sem nenhum representante do Rubro-Negro. Atitude que desagradou a comitiva paranaense que se deslocou à capital fluminense.
“No início da manhã apareceram compromissos particulares e eu avisei que não poderia ir. Não vejo nenhum problema [de o Atlético não enviar representante]. Também não participamos das outras reuniões”, afirmou Malucelli.
Há aproximadamente um mês o dirigente fez consulta informal ao banco estatal para saber se a manobra do potencial construtivo seria aceita como garantia econômica. Segundo ele, a resposta já havia sido não. “É mais uma dificuldade para o governo do estado e para a prefeitura de Curitiba”, alegou o presidente, que vê na hipótese de construtoras conseguirem o financiamento uma chance maior de sucesso. “Está sendo assim com grandes construtoras em outras cidades”, opinou.
Uma nota oficial avisando que o Furacão não havia sido informado oficialmente do assunto foi publicada no site atleticano no início da noite.