22/10/2009

“Escolhas” por Mario Celso Petraglia.

“Nós somos resultado de nossas escolhas”.
Um dia, nós escolhemos nos tornar um dos maiores clubes de futebol do Brasil. E conseguimos. Já são 14 anos na primeira divisão nacional. Foram anos de muitas conquistas, dentro e fora do gramado. Uma arrancada rumo à grandeza sem precedentes no futebol nacional. Foram anos bastante intensos. Transformamo-nos e levamos a evolução a tudo o que estava à nossa volta. Todos conhecem essa história.
Nós escolhemos fazer o que parecia impossível. E vencemos os desafios.
Mais um desafio se coloca à frente de nossa Instituição. É preciso fazer mais uma escolha. Precisamos decidir se queremos continuar crescendo. Escolher o que queremos da nossa vida para o futuro.
Eu já fiz a minha escolha. Aliás, essa foi a escolha que fiz para a minha vida . Quero sempre o desenvolvimento e a evolução. Justamente por isso, tenho trabalhado já faz algum tempo para concretizar o sonho de ver uma Copa do Mundo sediada em nossa cidade, na nossa Arena. Esse é o caminho que acredito que nos trará o desenvolvimento e a evolução que nosso clube, nossa cidade e o futebol Paranaense precisam.
A Copa é nossa. Nosso estádio receberá o Mundial.
Eu lembro de todo o trabalho, de toda a dedicação, de todas as dificuldades que enfrentamos. Não foram poucas. Lembro do insulto que foi a indicação do furibundo Pinheirão como estádio-sede e do “lobby” que tentou se armar com a mídia vendida para que essa idéia canhestra tivesse sucesso. Lembro do pouco envolvimento do governo estadual e municipal. Dos investimentos que o Atlético Paranaense realizou até agora. Das brigas políticas, da briga com a Federação, que resultou na eliminação do ex-presidente do cenário do nosso futebol Do Paraná ter sido o único estado não visitado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, num momento crucial da escolha das sedes. De como lutei por maior envolvimento dos “players” políticos do nosso estado. Tivemos muitas dificuldades. Mas também tivemos sucessos, como também ajuda e apoio.
Nada foi fácil. Nossas escolhas demandam muita responsabilidade. Temos que levá-las adiante, apesar das dificuldades. Por idealismo. Por necessidade. Por honra.
Por isso trabalhamos dia e noite. Realizamos inúmeras viagens. Fizemos vários estudos, projetos arquitetônicos, projetos executivos, projetos complementares, maquetes, diversas apresentações para a FIFA. Recebemos o COL, a ABDIB e representantes de vários segmentos do “business” do futebol. O resultado desse empenho, dessa crença inabalável na conquista, dessa luta quase quixotesca em busca do sonho impossível, começou a se materializar quando nossa proposta como cidade candidata foi considerada uma das melhores do Brasil. E uma das razões fundamentais para essa consideração foi a nossa inestimável Arena da Baixada. Com ela nós mostramos que somos capazes de fazer, que temos competência. Por ser um projeto privado, por já ter um nível de excelência muito superior aos demais estádios brasileiros, por já respeitar algumas normas da FIFA.
Agora, um novo cenário se apresenta. Nosso projeto de 1997 foi baseado no antigo caderno de encargos da FIFA, editado em 1995. Porém, em setembro de 2007 a FIFA alterou tudo. Passou a exigir condições às praças esportivas em níveis infinitamente superiores ao caderno anterior. Até setembro de 2007, conforme todas as nossas afirmações, o Atlético Paranaense não precisaria de fundos públicos para finalizar a Arena. Mas em razão das novas exigências, sim! Não há como abrir mão desses recursos. Os três níveis de governo deverão participar e viabilizar a conclusão da Arena.
A Copa é nossa? Nosso estádio receberá o Mundial?
Curitiba poderá ser excluída, mesmo que a vinda da Copa para o Brasil já seja irreversível. Temos que ter definições o quanto antes. Se as obras não se iniciarem no início de 2010 em todos os estádios-sede, há o risco de haver uma diminuição no número de cidades. Vamos deixar Curitiba ficar de fora? Vamos perder o bonde da história? Ou melhor, o trem-bala que nos levará ao futuro e ao crescimento? Queremos ver outras grandes capitais do Brasil com estádios modernos e nosso futebol voltando a ficar anos e anos atrasado, como sempre foi até antes do nosso projeto de crescimento iniciado em 1995?
Vamos levar adiante a nossa escolha de grandeza, dizer sim, a Copa é nossa, sim, nosso estádio receberá o Mundial! O que era uma dúvida para os curitibanos até pouco tempo atrás, sempre desconfiados, pode se tornar uma extraordinária realidade daqui a alguns anos.
Mas o Clube Atlético Paranaense não pode e não deverá ser sacrificado para a conclusão da Nova Arena. Temos que ter um estádio nos níveis de Copa do Mundo, com um padrão que nos coloque entre os melhores estádios do mundo. Infra-estrutura de padrão internacional. Senão ficaremos em desvantagem frente a outros clubes do Brasil. O que tornará mais difícil a busca por nosso objetivo maior: transformar o Atlético Paranaense em um dos grandes clubes das Américas. Precisaremos viabilizar todos os recursos possíveis para termos uma Arena em níveis avançados, porém, sem sacrificar o futebol do Atlético Paranaense. Isso já foi feito no tempo e na necessidade suficiente.
Quando aprovamos os Novos Estatutos em 2008 declarei que não seria mais candidato e me comprometi com o Conselho Deliberativo deste clube a participar da viabilização do projeto de conclusão da Arena. Como um dos responsáveis por trazer a Copa para Curitiba, sinto-me na obrigação de encampar a luta para não perdermos o direito de ter os jogos do Mundial, pois esse foi um direito conquistado com grandes investimentos e muito trabalho da Instituição Clube Atlético Paranaense.
Entendo que este é um assunto de ampla relevância e deverá ser tratado no Conselho Deliberativo, criando-se para tal uma comissão responsável.
Não tenho me manifestado mais sobre o clube. Principalmente depois da ruptura com a atual administração por questões conceituais, que tangem o modo de administração do nosso Furacão. Não quero prejudicar o Clube que eu amo.
Mas não vou me calar sobre este assunto chamado Copa do Mundo. Porque este fato poderá trazer intenso desenvolvimento para o nosso clube, bem como para a nossa cidade e para o nosso estado. É um assunto de máxima importância. Como atleticano por opção e paranaense de coração, não posso ficar de fora deste assunto. É um tema do qual todos os atleticanos devem tomar parte. O futuro do nosso clube está em jogo.
Existem tratados firmados pelo Atlético Paranaense, junto a diversas instituições, como os governos municipal, estadual, federal e a FIFA, que garantem a execução de todos os compromissos assumidos para os jogos da Copa e para a construção da Arena. Não podem ser desconsiderados. Temos que levar adiante, questão de honra, de firmeza de caráter.
Existem muitas formas de viabilizarmos os recursos para a conclusão da Arena aos níveis de exigência da FIFA sem o sacrifício dos torcedores e do clube. Vamos buscá-las, vamos atrás delas, vamos fazer acontecer.
O que não podemos é perder a oportunidade de darmos o segundo Grande Salto na vida do nosso clube. Daremos mais um salto de qualidade junto com todo o sistema. É uma verdadeira reforma no nosso futebol. Os jogos ao vivo nos estádios não guardarão nenhuma semelhança com os atuais. Haverá uma extrema valorização em razão das novas Arenas. É isso que uma Copa do Mundo traz a um país. Ainda mais a um país que ama o futebol como nós. É a Copa do mundo pela segunda vez na terra dos reis do futebol depois de 64 anos. Um grande evento que o Atlético Paranaense não pode ficar de fora. E nossa competência para participar desse evento será decisiva para definir os próximos 30/40 anos do clube.
Chega de pessimismo. Estão divulgando de modo sorumbático os valores necessários para a empreitada. Entretanto, os governos isentarão de todos os impostos os investimentos para a Copa do Mundo, e essa isenção não foi considerada nos primeiros orçamentos, elaborados de maneira rápida e estimados para cima. Temos que evitar esse negativismo contagiante e fazer o que tem que ser feito com otimismo e entusiasmo.
Terão que ser feitas desapropriações no entorno do estádio. Este assunto já foi conversado com a Prefeitura Municipal de Curitiba, bem como o da incorporação da Praça do Atlético ao projeto da Nova Arena.
Temos um estudo avançado para a construção da Areninha, uma Arena Coberta (multiuso) para 10 mil lugares que ficará ao lado da Nova Arena, integrado ao estádio criando um complexo de forma inexistente no mundo. É algo viável, em parceria com o governo municipal, com recursos já assegurados junto ao governo federal.
Temos estudos avançados para viabilizarmos as condições políticas, jurídicas e técnicas para a aplicação de fundos públicos em patrimônio privado, para garantir a participação dos governos na conclusão da Nova Arena e da Areninha.
Temos tudo. Temos um dos melhores projetos. Temos uma das melhores capitais do Brasil. Temos um caminho muito bem trilhado até aqui. Mas temos que ter a coragem de dar os mais importantes e decisivos passos. Chegou a hora. De escolher entre a ribalta ou o ostracismo. De ser líder, ou seguidor. De ser grande ou não.
Chegou a hora de fazer a grande escolha: queremos ter o crescimento que nos levará entre os maiores clubes de futebol do Brasil e das Américas? É isso que queremos? Ou ficarmos mais 100 anos em planos inferiores?
Então temos que escolher fazer o melhor que podemos para Curitiba ser uma das grandes sedes da Copa e que a Nova Arena seja o melhor, senão um dos melhores estádios-sede. Porque a Copa do Mundo dura um mês. O legado que ela trará serão permanentes.
Eu já fiz a minha escolha. Há muito tempo.
“Quem sabe faz a hora não espera acontecer”
Mario Celso Petraglia