19/05/2011

Carta aberta de Petraglia será o "manifesto CapGigante"

Objetivos da mobilização atleticana está fundado nos conceitos expressos na conclamação do ex-presidente aos integrantes do Conselho Deliberativo do Furacão. A partir deste entendimento, integrantes da comissão organizadora do CapGigante, além de adotarem a carta de Petraglia como manifesto do movimento, pretendem juntar ao mesmo, mais de dez mil mensagens de torcedores (as).

Na carta do conselheiro atleticano Mário Celso Petraglia, estão contidos compromissos estratégicos do clube. A urgência na solução para o projeto Arena FIFA, articulação para reverter a perda da Copa das Confederações e um plano de futebol que alcance desde o Campeonato Brasileiro de 2011, até a organização da temporada do ano vindouro. Com estas iniciativas, estamos na prática selando o retorno do ex-presidente Petraglia à direção do nosso Clube Atlético Paranaense. Mensagens para integrar o Manifesto CapGigante devem ser transmitidas ao e-mail: " capgigante@uol.com.br. Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. " Também será possível a simples subscrição do manifesto em nossos eventos nos dias 23 e 31 de maio.

A seguir, íntegra da carta aberta de Petraglia:

Srs. Conselheiros do Clube Atlético Paranaense,
O futebol é mais do que um simples esporte. Metáfora da vida, simulacro das emoções humanas, nascedouro de mitos, forja de heróis, o maior espetáculo da Terra. Podem atribuir a esse magnífico desporto as mais variadas definições, das mais líricas às mais arrebatadoras. Mas futebol tem também o seu lado pragmático, menos romântico e que se constitui das regras, em sua maioria não escritas. Estas regem a ordem de forças que produzem esse espetáculo e despertam tantas emoções em todo o mundo. Atualmente, mais do que nunca, o futebol é um jogo de poder.

Com a modernização do esporte e sua transformação em negócio de bilhões de dólares e de fãs, essa dinâmica de controle de forças ficou ainda mais exacerbada. É impossível hoje pensar em fazer futebol sem ter o conhecimento do cenário, o entendimento da política e das estratégias que fazem uma agremiação chegar ao topo e se manter no topo. Não se pode ignorar os meios para se fazer a marca do clube crescer, difundir‐se, ser respeitada e, através desse patrimônio chamado marca, conseguir a captação dos recursos que permitirão estar entre os maiores. Futebol de primeira linha não é mais coisa para amadores, aventureiros, curiosos e dirigentes de horas vagas. Futebol profissional não é bico, não é hobby, não é passatempo. Futebol é coisa séria. Coisa de gente grande. Temos visto nosso clube ser administrado de maneira amadora, leniente, ocasional. Temos assistido a dilapidação do patrimônio que nos fez crescer.

Perdemos o respeito que tínhamos conquistado no cenário nacional e internacional. Somos hoje coadjuvantes no jogo do poder. Temos visto o clube sendo administrado em reuniões informais, em que se decidem em clima de confraria, quais serão os rumos de uma instituição tão importante como o Clube Atlético Paranaense. Nosso clube hoje ignora a dinâmica do mercado, não tem plano de ação, não tem projeto, não tem ambição. Pior ainda, seus dirigentes tomam decisões equivocadas, aliam‐se aos grupos errados, não têm noção do que fazer em momentos de crise, esquivam‐se das cobranças e fogem para a acolhida de seus parceiros tendenciosos de alguns veículos de comunicação, onde extravasam suas mentiras, calúnias e ataques. O Clube Atlético Paranaense está à deriva. E nós pensávamos que isso não aconteceria novamente. Infelizmente, é o que está acontecendo.

A falta de traquejo, de discernimento e de percepção dos atuais dirigentes do clube me fizeram trazer até os senhores a minha preocupação de que, se algo não for feito, tenhamos que amargar a volta aos períodos de grande penúria que nos fizeram um dia ter de intervir. Chegou a hora de novamente discutirmos os rumos do clube, antes que seja tarde demais. Quero colocar a minha experiência de líder da revolução iniciada em 1995 e de mais de 14 anos enfrentando o jogo do poder do futebol à disposição do clube neste momento. Quero deixar claro que não serei candidato nas eleições de dezembro, mas pela minha história dentro do clube e por ter apoiado a eleição da atual diretoria, tenho o dever e a obrigação de não me calar e o crédito para criticar e cobrar dos atuais responsáveis. Não posso ver o desmonte das estruturas básicas do clube, a perda de valor e de imagem que a negociação atrapalhada das cotas de TV para o triênio 2012 – 2014 poderá trazer e também a perda dos jogos da Copa 2014 com a não conclusão da Arena FIFA, sem fazer nada!

Foram três anos em que nada se fez, nada se plantou, nada se criou, nada se repôs. Apenas se extraiu do clube. Estamos às portas do Mundial de 2014 e até agora nenhuma, absolutamente nenhuma ação foi tomada no sentido de se preparar o estádio e definir onde iremos jogar durante a construção da nova Arena. Estão esperando o mandato terminar, omitindo‐se das grandes questões atleticanas e ainda por cima desmontando e destruindo tudo o que havia sido criado. As parcerias que deram ao clube alguns dos seus melhores atletas e negócios foram encerradas. A base está sendo destruída, esvaziada, sem olheiros correndo o país e sem a descoberta de novos talentos, sem nenhum jogador a ser revelado no profissional, com raros jogadores nas Seleções Brasileiras de base, em que sempre marcamos ampla presença, sem jogadores jovens em condição de aparecer nacionalmente e os que haviam, foram perdidos, roubados ou “queimados”. São várias questões:

§ Cotas de TV negociadas de forma burra;
§ Nenhuma ação, nem incipiente, a respeito do compromisso de concluir a Arena;
§ Contratação em grande número de jogadores rodados com altíssimos salários, como o Claiton, por exemplo, contratado lesionado que permaneceu a maior parte do tempo no chamado “CECAP”;
§ Jogadores medianos com salários de 800 a 1 milhão de reais anuais;
§ Mais de 40 jogadores sem condições de atuar no CAP foram trazidos. Quanto se gastará na rescisão do contrato de todos eles? De onde será tirado este dinheiro?
§ Jogadores do mercado do futebol não querendo mais vir atuar no Furacão, com perda de valor dos nossos atletas por negociações mal feitas e desonestas.
§ Categoria de base sendo conduzida por pessoas sem preparo;
§ Sistema de sócios sem funcionamento ou funcionamento precário;
§ Clube no segundo grupo da Timemania, recebendo um terço a menos;
§ CT abandonado e Arena sem limpeza e manutenção adequada.
§ Apoio da diretoria a facções organizadas;
§ Apoio da diretoria à imprensa que sempre trabalhou contra o CAP, com todas as portas abertas para tendenciosos e fabricantes de “notícias”;
§ Valores de patrocínios aviltados, vendidos a “preço de banana”;
§ Não temos Diretoria de Marketing, nem Diretoria Internacional e todos os colaboradores formados no setor administrativo do clube foram demitidos;
§ A área de internet está abandonada e o site oficial tem baixa qualidade e atratividade.

Será que sendo administrado dessa forma, o Atlético Paranaense poderá enfrentar os novos desafios que vêm pela frente, com a mudança total do cenário do “negócio futebol” nos próximos anos? Poderá enfrentar os ditos clubes grandes e de maior torcida, que terão as suas cotas televisivas ainda maiores e estarão recuperados financeiramente e estruturalmente? Por um cargo de 5º escalão no Clube dos 13, o presidente do Conselho Administrativo colocou em risco os ganhos financeiros e a exposição de marca do clube comprando uma briga inglória e contrariando infantilmente os interesses do sistema capitaneado pela Rede Globo e CBF. Um desconhecimento absoluto do jogo do poder e do sistema que comanda o esporte. Eu aprendi a jogar esse jogo nos 14 anos que fiquei à frente do clube e senti na carne os efeitos de contrariá‐lo. Mesmo assim, conseguimos avanços à época. O que conseguimos hoje? Nada. A não ser o descrédito e a vergonha de ter de voltar atrás.

Foram três anos de vácuo, de falácia, de nada. Nem tijolos e nem chuteiras. Promessas de campanhas não cumpridas, contratos importantes não realizados, sócios perdidos, compromissos abandonados. Três anos em que tentaram incutir na cabeça do torcedor que basta trazer jogadores e que os objetivos serão atingidos. Três anos de nenhuma realização em nível macro, apenas pormenores populistas que não tiveram efeito prático. Hoje em dia, perdemos facilmente nossos jogadores mais valiosos para o São Paulo e Palmeiras, com reposição pífia de jogadores velhos e sem qualidade. E temos um amador no departamento de futebol, que ainda não definiu se é funcionário público ou diretor de futebol.

É por isso tudo, senhores conselheiros, que me dirijo até os senhores. Estamos nos enfraquecendo, perdendo o viço que já tivemos. Temo pelo restante do ano, terminálo com o patrimônio destruído, sem estádio para a Copa e na segunda divisão. Se há a mesma preocupação em cada um dos senhores, peço que formalizemos um manifesto e uma lista de adesão para pedirmos a convocação de uma Reunião Extraordinária do Conselho Deliberativo, com a pauta supra referida para que seja debatida e, se for entendimento da maioria, seja criada uma Comissão de Conselheiros para tratarmos dos assuntos relevantes e emblemáticos que estamos vivendo neste momento.

Peço também que se associem à AssoCap, para, além desse Conselho, trabalharem em prol do nosso Furacão junto aos demais sócios, fortalecendo ainda mais o nosso clube para termos as ideias certas para enfrentar o jogo do poder. O Atlético Paranaense precisa da postura decidida e pró‐ativa dos seus quadros! Por isso que existe a AssoCap, para dar forma, justificativa e endereço aos anseios da nossa nação de mais de um milhão de torcedores. Este é o valor da AssoCap, o valor de nossa gente e de nossas ideias.

Trabalhando juntos, recolocaremos o Atlético Paranaense entre os maiores do Brasil, deixando para trás outros clubes que hoje estão entre os 12 grandes.

Vamos recolocar o Clube Atlético Paranaense no lugar que ele merece: no caminho da grandeza!

Muito Obrigado.

Mario Celso Petraglia
Ex‐Presidente e Conselheiro