02/08/2010

Leia na íntegra a entrevista com Marcos Malucelli, presidente do Atlético.

Dirigente fala do time atual e do futuro, incluindo a reforma da Arena para a Copa do Mundo.
Como você está vendo o time hoje e a expectativa para o Brasileiro?
Malucelli: O time hoje é bem diferente daquele que começou o Brasileiro. Com estas novas aquisições, alguns já jogando, outros ainda aguardando a regularização da documentação, e com esta nova filosofia do treinador Carpegiani, eu vejo com muito otimismo e penso que nós estaremos lutando por uma classificação neste ano de 2010 muito mais honrosa, mais próxima dos primeiros lugares do que nos dois últimos anos.
Qual é o objetivo do Atlético neste Brasileiro?
Malucelli: O objetivo do Atlético é chegar entre os 10 primeiros.
Como foi feita esta reformulação do elenco, esta revolução?
Malucelli: Se vocês lembrarem, no final do Paranaense eu disse que nós faríamos um time forte para o Brasileiro porque nós finalmente tínhamos condições financeiras. Isto eu já tinha falado no início do ano, quando fizemos contratações ainda modestas. E tivemos condições principalmente agora, com a interrupção do Brasileiro por causa da Copa, de acelerar estas contratações.
Foi uma coisa planejada e feita a partir do momento que pudéssemos arcar com o ônus de trazer jogadores novos, que nos custaram valores até significativos, mas que estavam dentro do nosso planejamento. Estamos cumprindo aquilo que foi dito: quando conseguíssemos arrumar a parte financeira do clube, iríamos partir para as contratações. Isto nós fizemos. A expectativa agora é de crescimento do time.
O clube não perdeu tempo ao não fazer esta reformulação antes, como diz o próprio técnico Carpegiani?
Malucelli: Eu gostaria de ter feito isto já no dia primeiro de janeiro de 2009, quando assumimos. Mas eu tinha que de início honrar os compromissos e obrigações assumidas, embora não por mim, mas em nome do clube, com vencimentos durante o ano de 2009. Isto foi feito, foi honrado.
Não tinha como fazer antes, nem em janeiro de 2010, porque ainda tínhamos algumas dificuldades. Depois, quando melhorou a parte financeira, nós fizemos.
Estes problemas são heranças de outras gestões?
Malucelli: Foram dívidas que ficaram, antecipação de receitas que acabaram se vencendo no decorrer de 2009. Tivemos que fazer o primeiro anel da Arena do setor Brasílio Itiberê com recurso próprio, porque o financiamento quer nós tomamos para isto no mês de dezembro de 2008, o dinheiro já tinha sido consumido. Isto tudo são compromissos que devem ser satisfeitos pelo clube.
Eu não poderia deixar de atender estes compromissos e montar um time com dívidas, correndo o risco até de não poder pagar os salários dos jogadores. Isto é uma fase já superada, nós não temos mais este problema no Atlético.
O Atlético hoje está estabilizado na parte financeira e estamos agora nesta reformulação, nesta verdadeira revolução que fizemos durante a parada da Copa, trazendo todos estes jogadores. Eu não tenho dúvida de que até o final do ano teremos um grande time e entraremos aí sim em 2011 já com o grupo formado.
A ideia inclusive é manter este grupo para o ano seguinte?
Malucelli: Aqueles que nós não compramos os direitos federativos, aqueles que nós emprestamos, todos eles têm a opção de em dezembro, a critério exclusivo do Atlético se satisfeito estiver com o retorno técnico destes jogadores, fazer então um contrato definitivo por três anos.
É possível dizer que o investimento em chuteira está sendo feito agora?
Malucelli: Evidente. Uma coisa é você querer investir em chuteiras e outra é você poder investir em chuteiras. Nós queríamos, mas não podíamos. Agora nós queremos, podemos e estamos investindo. É uma promessa que está sendo cumprida.
Lá atrás, quando nós não podíamos adquirir direitos econômicos de jogadores, nós nos preocupamos em investir renovando os contratos de todos aqueles juniores que nós tínhamos, para não correr o risco de serem lançados e em seguida terem os seus contratos se vencendo, como aconteceu com muitos clubes. Ainda assim, tivemos dificuldades com o Nei e o Wallyson. Mas os juniores, aqueles todos, nós fizemos contato e aí está hoje um Neto, um Manoel, o próprio Fransérgio, o Deivid, o Marcelo, são todos jogadores do Atlético, com contratos longos, com os quais nós não nos precisamos nos preocupar de a curto prazo perdê-los por estarem com o contrato vencendo.
Isso foi investimento em chuteiras. Não representou um impacto no primeiro momento porque o torcedor quer é que traga o jogador e quanto mais caro, parece que seria melhor o jogador, quando isto não é verdade.
Não tenha você a menor dúvida que estes juniores representarão um dividendo, um lucro para o Atlético em um prazo curtíssimo. Alguns deles já estão bem valorizados e outros serão valorizados nos próximos 12 ou 24 meses.
Tem algum principal desafio que você tem hoje no clube?
Malucelli: No tocante ao futebol, é fazermos um bom campeonato. Em seguida, ganharmos o Estadual e irmos para a disputa da Copa do Brasil para sermos campeões. Está é uma meta que eu espero alcançar, entregando o clube no final de 2011 classificado para a Copa Libertadores.
Na parte patrimonial, eu gostaria, e muito, de poder concluir a Arena. Independente de Copa do Mundo, fazermos o segundo anel e entregarmos a Arena pronta, senão para o Mundial, para o nosso torcedor, para o Atlético poder jogar aqui as suas partidas de acordo com aquele projeto que nós temos que foi iniciado em 1997, do qual nós concluímos uma parte em 1999 e ano passado mais o primeiro anel da Brasílio Itiberê. O meu sonho seria terminar este segundo anel e entregar o estádio pronto para a torcida atleticana.
Isto no final de 2011?
Malucelli: No final de 2011 se nós tivermos que fazer o estádio as nossas custas e de acordo com o nosso projeto inicial. Se tivermos a Copa do Mundo aqui, é diferente porque o projeto é outro, os custos são outros, nós teremos os custos quase que quintuplicando. Neste caso, vai demandar praticamente dois anos. Não havendo Copa, eu espero e gostaria muito de poder concluir este estádio durante o ano de 2011.
O presidente do BNDES já teria dito que aceitaria aquela garantia do potencial construtivo. Aparentemente está tudo encaminhado. Como você está analisando isto?
Malucelli: Eu não tenho esta informação que você tem. Nós fizemos uma consulta ao BNDES e ao Atlético não houve resposta ainda.
O que falta? O BNDES confirmar?
Malucelli: Falta dinheiro. Uma obra de 130, 140, 150 milhões, sei lá quanto vai chegar, precisa de dinheiro. O Atlético não vai pôr este dinheiro. Sem dinheiro, não tem obra. O Atlético vai dentro da sua capacidade de endividamento, que é o término da Arena de acordo com as nossas necessidades. Par as necessidades da Copa, se não houver dinheiro fora do Atlético, não haverá Copa.
E existe um prazo limite para que isto seja definido de uma vez por todas?
Malucelli: Isto quem cuida é o comitê local. As garantias financeiras, tudo, quem dá é o comitê. Eu não tenho notícia precisa para lhe dizer o prazo. O prazo já venceu no mês de junho, foi prorrogado, mas eu não tenho este dado concreto porque quem trata disso é o comitê local da Copa.
O Atlético está tentando se preservar para não parecer que quer dinheiro público para terminar o estádio?
Malucelli: A partir do momento em que no dissemos que arcaríamos com aquele custo que correspondesse as nossas necessidades, o excedente tem que vir de algum lugar. Eu não estou, nem o Atlético muito menos, pedindo dinheiro público, que o estado coloque dinheiro ou que o município coloque dinheiro. Mas que tragam a solução para que o recurso da conclusão da Arena para a Copa do Mundo venha de fora do Atlético.
A solução, aliás, apresentada pela prefeitura é até boa, até razoável. A primeira que se apresentou foi esta do prefeito Ducci. Ela é boa, atende os interesses do Atlético, atende aos interesses dos demais clubes, porque esta emissão de títulos abrangeria todos os clubes da capital, desde que evidentemente tenham lá o projeto de construção e o potencial construtivo da sua região, que possa atender esta emissão de títulos.
Não é o recurso público que estamos atrás. Nós estamos atrás da solução e quem tem que dar a solução é o governo do estado e a prefeitura de Curitiba. A Copa é da cidade de Curitiba, não é do Atlético. O Atlético está cedendo o seu estádio. Se para as realizações dos jogos precisa que a conclusão da Arena se dê de outra forma, com outro projeto, não pode ser justo que o Atlético tenha que arcar com este ônus.
Nós não precisamos disso. Para no disputarmos o Paranaense, o Brasileiro, a Libertadores, a Sul-Americana e até para cedermos o estádio para jogos eliminatórios para a Copa do Mundo, não precisa de tudo isso. Só precisa para os jogos da Copa do Mundo, que o Atlético não disputa. Para três ou quatro jogos ou sei lá quantos jogos teríamos em Curitiba, não mais que isso, se não vier o numerário, não tem a disponibilidade do nosso estádio.
Esta negociação está se encaminhando da maneira que o senhor gostaria?
Malucelli: Não, eu gostaria de já estar com tudo definido naquele prazo de junho, que o comitê já tivesse entregado as garantias da conclusão da Arena, que nós já tivéssemos a fonte da receita identificada, localizada, e que tivéssemos já construindo. Sem dúvida era isto que eu queria.
Mas não é por que eu gostaria que assim fosse, que nós vamos fazer. Porque se não vierem estes recursos, nós não teremos como fazer a Arena para a Copa.
E também não sei até quando poderemos ficar aguardando que se tenha uma confirmação. Porque, ainda que se confirme a origem destes recursos, para que tenha início a obra, vai demandar mais um tempo. Estes empréstimos do BNDES e BRDE não saem de um dia para outro. Precisa juntar documentos, certidões, levar a apreciação de comitês para a aprovação, redação de contrato, assinatura de contrato e registro para depois liberar o numerário.
Isto não se dá de um dia para o outro. Vai demandar quem sabe quatro ou cinco meses. Nisto chegamos ao final do ano. Teremos 2011 e 2012 pela frente, porque em junho de 2013 teremos a Copa das Confederações e os estádios, para participarem da Copa das Confederações, se prevalecer o que a Fifa tem dito, têm que estar prontos em dezembro de 2012.
As obras que precisam ser feitas na Arena podem ser concluídas tranquilamente no prazo de dois anos. Me disse o nosso diretor Ênio Fornea, que é engenheiro e cuida das obras do clube, que se houver dinheiro mesmo disponível, em um prazo até inferior você concluí a Arena.
Nós estamos dentro do prazo, mas estamos no limite. Passamos o ano de 2010, já estamos chegando em agosto, são sete meses passados e até agora não aconteceu absolutamente nada. Isto é preocupante. Nós já deveríamos estar em um estágio muito mais avançado.
O Atlético precisa mesmo sair do seu estádio nestes dois anos?
Malucelli: Se nós atendermos as exigências da Fifa, nós teremos que sair do estádio porque será necessário trocar algumas colunas da Arena. Isto vai demandar uma destruição grande. Nós teremos que deslocar toda a parte administrativa do clube para um outro local. Alugar, pagar aluguel.
Temos que fazer aquelas áreas de fuga, o gramado é área de pânico e as pessoas que se concentram nele têm que sair por áreas que ficam nas esquinas, como já tem na Brasílio Itiberê. Temos que fazer nos outros três cantos também. Isto vai implicar em atravessar as cadeiras que temos hoje nestas esquinas, nas bandeiras de escanteio.
Além disso, a saída vai implicar em avançar para a rua. Vamos encontrar casas de um lado, prédios de outro, que vão precisar ser desapropriados pelo poder público. Isto tudo demora. Nós não temos até agora um decreto desapropriatório sequer.
Isto vai demandar tempo, vai precisar de dinheiro, vai precisar da vontade política dos governos estadual e municipal e vai fazer com que o Atlético tenha sim que infelizmente deixar a sua Arena. Não tem como nós trocarmos a estrutura do estádio com jogos sendo realizados.
E onde o Atlético iria jogar?
Malucelli: Isto é uma outra etapa. Primeiro vamos ver se a obra vai sair mesmo. Depois esta questão de para onde nós iremos, eu até não acho de maior importância. O que mais me preocupa é que nós, com esta saída da Arena, fatalmente perderemos sócios, perderemos patrocinadores, perderemos placas de publicidade. Enfim, perderemos dinheiro. Serão receitas que nós deixaremos de ter.
Existe a possibilidade de ir para o Pinheirão se o Coxa não liberar o seu estádio, já que no Paraná não caberia?
Malucelli: Existe, o Pinheirão está aí. Agora quem vai por lá 15, 20 milhões para deixar o Pinheirão em ordem? Nós não seremos. A Federação muito menos. Pobre federação nossa, não tem nem como sobreviver com as suas próprias pernas.
Aqui em Curitiba só tem o estádio do Coritiba que comporta o nosso número de associados e o nosso número de torcedores. Agora, isto de ser o Coritiba, de ele deixar ou não deixar, é bobagem. Porque se a CBF requisita, acabou, o Coritiba tem de ceder o estádio e não há o que fazer. É uma questão de ordem pública, de interesse público, de interesse da própria cidade, da CBF. Então ela baixa uma determinação e o Coritiba vai ter que ceder o estádio.
Embora eu pessoalmente acredite que nós não precisamos chegar a isto porque o relacionamento com a diretoria do Coritiba é muito bom. Até há pouco tempo um dos diretores me disse-Olha, se eventualmente vocês precisarem, nós estamos à disposição...
Eu não vejo que haja necessidade, mas se houver, a CBF está aí, com o seu poder todo, para colocar as coisas nos seus devidos lugares.
Como é feito a conta do dinheiro necessário?
Malucelli: É muito simples. O orçamento que foi para a Fifa, encaminhado há um ano e meio, era de R$138 milhões. Nós temos de considerar que neste tempo, de janeiro de 2009 até agora, o material de construção sofreu um aumento. Este 138 já deve estar defasado, mas este aumento que fatalmente houve na construção civil vai ser amenizado porque haverá uma isenção fiscal, o que se calcula deve ser em torno de 20%.
Mas acontece que, além destes R$ 138 milhões, há cerca de 30 dias, o IPPUC passou para o Atlético os encargos dos projetos, orçados em R$ 12 milhões, mais o custo do desvio do rio Água Verde, que passa aqui pela Arena e vai ter que ter o curso desviado para a Getúlio Vargas. Este desvio do rio, cuja a responsabilidade passou para o Atlético, está orçado pelo IPPUC em 3,2 milhões. Além dos R$138 milhões, temos mais R$15,2. Por isso que o Atlético disse há poucos dias que este custo já estava em R$153 milhões. E é verdade.
153 é o que terá que ser gasto com a construção. Agora nós temos que computar aquilo que o Atlético terá de prejuízo, que vai ter de despesa. É o sócio que vai deixar de pagar, é a publicidade que vamos deixar de ter, é o aluguel que nós vamos ter que pagar para sair daqui, é a mudança, é um outro estádio que nós vamos ter que ir. Se for um outro estádio que não do Coritiba, vai ter que haver investimento.
Tem que contar também as demandas trabalhistas que certamente acontecem quando você tem uma obra grande como será está da conclusão da Arena. Como já tivemos no início da Arena, diversas demandas trabalhistas, que são consultoras que não pagam os empregados e nisto vem a corresponsabilidade do dono do estádio. Soma-se a perda de receita com as nossas lanchonetes, com a academia, com a churrascaria que nós temos aqui. Isto tudo é prejuízo para o clube.
Sem falar na questão técnica, que é o Atlético jogando fora da Arena, quando todos nós sabemos que a Arena faz uma grande diferença. Os adversários todos que vem aqui temem a Arena. Será que terão este mesmo temor com nós jogando no Couto Pereira ou no Pinheirão ou onde seja?
Tem esta questão toda da Arena, da torcida empurrando. Não sei se fora daqui nós teremos está mesma proteção da torcida. Isto tudo é prejuízo para o clube. É perigoso jogar fora da Arena durante dois anos ou dois Campeonatos Brasileiros.
E existe um valor estimado para todo este prejuízo?
Malucelli: Existe um prejuízo estimado em torno de R$30 a R$40 milhões. O que fará com que o custo da obra de R$ 153 milhões, chegue a aproximadamente R$200 milhões. É muito dinheiro para um clube de futebol.
E nós não podemos esquecer que tem ainda os juros da dívida a ser contraída junto ao BNDES, BRDE, o que for. Tem de ser computado.
E eu não vi até hoje uma obra orçada ser concluída no prazo de dois anos com o mesmo valor orçado. É bem possível que sofra um aumento considerável e estes 130 e tantos milhões chegue sabe-se lá a quanto no final de custo.
Não tem obra que inicie com um custo e termine com aquele custo e não tem obra que se inicie com um prazo e termine no prazo marcado. Sempre vai além.
Nós temos problemas de prazo e de custo que certamente será acrescido neste período da construção.
O que o Atlético espera de aporte financeiro é os R$150 milhões ou os R$200 milhões?
Malucelli: O que o Atlético espera de aporte financeiro é tudo que exceda os R$30 milhões, R$25 milhões que nós orçamos para a conclusão da Arena para as nossas necessidades. O que exceder disso é o que no esperamos de aporte.
Isto inclui inclusive toda esta perda do Atlético?
Malucelli: Tudo. Nós orçamos para o Atlético um prejuízo de R$30 a R$40 milhões. Com este valor nós concluímos a Arena para nós. Nós não precisaríamos sair da Arena, ir a outro estádio, perder sócios, receitas com lojistas e patrocinadores.
Se você fosse o presidente quando foi lançada a candidatura, você disponibilizaria a Arena ou depois de tanta dor de cabeça você já acha que não foi uma boa ideia?
Malucelli: Sem recursos como é hoje? Não, não colocaria a disposição a Arena. Sem recursos, não. Com recursos do clube, não.
E nós estamos vendo que o tempo está passando e não apareceu nenhum dos investidores, nenhum parceiro como se pensava que viriam para colocar dinheiro. Até fomos procurados por vários deles, mas eles querem os recebíveis do clube, querem explorar o estádio por 30 anos, 40 anos e isto para a atual diretoria não interessa.
Você acredita que quando foi oferecido o estádio, faltou garantias mais concretas de que o dinheiro existiria?
Malucelli: Não é que faltou. Tudo de acordo com o seu tempo. Na época havia esta expectativa de que o dinheiro jorraria e que haveria investidores, patrocinadores interessados e isto não está se tornando realidade.
Nós temos no Brasil um ou dois estádios licitados para a Copa, dos doze. Isto porque, embora se diga que o futebol gere milhões e milhões, não se tem grandes investidores, porque o retorno financeiro de um estádio ainda, no Brasil, é muito difícil, a relação custo-benefício. Não tem nenhum estádio no Brasil que dê lucro ao seu proprietário, seja ele particular ou público.
Voltando ao time, você falou que a meta é chega entre os 10...
Malucelli: Entre os 10 primeiros. Entre os 10 últimos nós temos chegado nos últimos três anos.
O que vale é esta evolução? O que o torcedor quer é títulos, vaga na Libertadores. É difícil para ele entender que a meta é estar entre os 10 primeiros.
Malucelli: Mas é o que eu quero também. Ou você pensa que eu não sou torcedor? Eu sou tão torcedor quanto qualquer torcedor que aí está. Torcedor de carteirinha desde 1963.
É claro que eu também quero isso, mas eu não posso dizer aqui que nós vamos ser campeões do Brasileiro de 2010 neste momento. Temos time para crescer e para chegar entre os 10 primeiros. E depois que tiver entre os 10, você vai querer ficar entre os cinco. E se você estiver entre os cinco, você já vai querer ficar entre os três primeiros. E assim vai.
Então, nós vamos por etapas. Hoje a meta é chegar entre os 10 primeiros. E não está longe. Com duas ou três vitórias, nós podemos perfeitamente chegar neste “top ten”. E daí para frente as ambições aumentam.
Agora, se o torcedor quer ser campeão, eu também quero. Como torcedor e presidente. Eu marcaria a minha gestão. Esta é uma vontade inerente a todo atleticano. Mas daí até poder tem diferença. Nós não podemos fugir da realidade.