03/08/2010

Couto Pereira como casa atleticana? É pegar ou largar.

Coritiba aceita alugar estádio para o Atlético durante as obras na Arena. Mas pretende cobrar pelo menos R$ 100 mil por jogo do rival.
O Coritiba aceitaria negociar o aluguel do Couto Pereira com o Atlético, mas não pensa em co­­brar barato por isso.
Como o Rubro-Negro precisará de uma casa para os próximos dois anos, período em que a Arena da Baixada deverá ficar em obras, sendo reformulada (e completada) para abrigar a Copa do Mundo de 2014, o clube já anunciou o interesse da parceria com o Coxa.
Em entrevista à Gazeta do Povo, publicada nesta segunda-feira (2), o presidente atleticano, Marcos Ma­­lucelli, afirmou que o Couto Pe­­reira é o único estádio com condições de comportar o número de sócios do Furacão. E não abriu brechas para um plano B.
Mas de acordo com o vice-presidente do Alviverde, Vilson Ribeiro de Andrade, o preço para ceder a praça esportiva localizada no Alto da Glória ficaria por volta dos R$ 100 mil por jogo. O valor representa metade da renda média do Rubro-Negro neste Brasileirão (R$ 198,8 mil) e pode ainda aumentar dependendo da quantidade e horário das partidas.
Com base nas partidas disputadas em casa neste ano, 35 até dezembro, o Furacão desembolsaria ao adversário R$ 7 milhões em duas temporadas como inquilino.
“Depende [o preço do aluguel]. Hoje por menos que R$ 100 mil nem abre-se o estádio. É o mínimo. Se for jogo noturno tem luz, um monte de coisa, daí aumenta. Se for para abrir por dois anos, então, é outra história. Tem outros custos. Por isso, confesso que clube ainda não pensou nesse sentido, até porque é muito prematuro”, afirmou Andrade, garantindo ainda não ter sido consultado pelo rival.
Quando a consulta ocorrer, o dirigente será o responsável pela negociação, mas a palavra final será do Conselho Deliberativo. “Não significa que vamos alugar. Desde que saia o estádio [Arena], desde que haja o contato, isso será um assunto do conselho. Quem vai decidir é o Conselho Deliberativo, que é o órgão máximo do Coritiba.”
Mesmo alto, o valor já era estimado pelo Atlético, que pretende colocá-lo também no pacote da conclusão da Arena. “Sa­­­bemos que o custo de aluguel para um estádio que comporte os nossos 21 mil sócios não sai por menos de R$ 80 mil”, estima a vice-presidente do Furacão, Yara Eisenbach. “Além do mais, teremos de desmontar o ‘circo’ em um local e montar em outro. É inadmissível termos de arcar com esse custo”, completa.
A última vez em que o Furacão tentou fazer do Alto da Glória sua casa, na final da Libertadores de 2005, não houve acordo. Sem os 40 mil lugares exigidos pelo regulamento para receber o São Paulo no Joaquim Américo, os atleticanos tentaram como última saída o estádio coxa-branca.
No entanto, mesmo que a Conmebol tenha dado o aval para a utilização do Couto, as relações pouco amistosas entre as diretorias da época (comandadas por Mário Celso Petraglia e Giovani Gionédis) impediram o acerto.
Atualmente, a situação é bem diferente. E embora mostre preocupação, o presidente do Conselho Deliberativo alviverde, Omar Akel, também mantém discurso semelhante ao de Andrade.
“Somos clubes maduros, e tudo é uma questão de sentar e conversar. É uma solução para dois anos, não é de curto prazo. Terá de acertar os calendários”, afirma Akel.
O dirigente pede para que, na hora da negociação, seja levado em consideração o tipo de espectador. “É diferente de recebermos um público que vai fazer um culto religioso e nós recebermos a torcida do Atlético, do Corin­­thians ou os holligans do Man­­chester. Cada situação é uma situação. Tem de ser pesado muito isso para que, depois, nós não venhamos a ficar com o ônus e eles com o bônus.”

Gestor cobra ação do Atlético
Segundo o gestor de Curitiba para a Copa de 2014, o atraso para o início das obras na Arena da Baixada é culpa do Atlético. Luiz de Car­­valho crê que a terça parte da construção que o clube se dispõe a executar já poderia estar sendo feita.
“Depende mais do Atlético do que da gente [o início das obras]. O clube tem a responsabilidade de cum­­prir um terço da obra. Acho que já poderia começar essa parte”, disse. O presidente atleticano Marcos Malucelli afirmou que os empréstimos dos bancos BRDE e BNDES podem levar de quatro a cinco me­­ses para serem efetivados. O que faria os trabalhos só iniciarem em 2011. O dirigente também disse que não há nenhuma resposta das entidades financiadoras quanto ao potencial construtivo como garantia de viabilidade.
“Já sabemos da posição do Atlé­­tico [de não tomar dinheiro em­­prestado]. E eles [Atlético] sa­­bem que o BNDES não opera com clubes”, declarou Carvalho, ne­­gando estar preocupado com o impasse.

O empréstimo
CBF espera definição da Arena
Embora o discurso atleticano seja o de que não precise do consentimento do Coritiba para jogar no Couto Pereira, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não confirmou que possa obrigar o Alviverde a emprestar o seu estádio ao rival no período em que a Arena da Baixada estiver sendo completada. “A CBF só irá se pronunciar sobre isso quando o início da obras na Arena forem confirmadas. Por enquanto ainda existem pendências”, afirmou o diretor de comunicação da entidade, Rodrigo Paiva. Ele também espera o pronuciamento atleticano. “Vamos deixar primeiro eles fazerem o pedido [do Couto Pereira à CBF]”.
No Coritiba, a possibilidade de ter de ceder o estádio ao Atlético sem lucrar nada não passa pela cabeça de seus dirigentes. “Se a CBF pedir para nós [ceder o estádio] isso é, evidentemente, uma questão de negociação”, afirma o vice-presidente do Coxa, Vilson Ribeiro de Andrade. “De graça nem injeção na veia.”