01/03/2010

Ah, o Atletiba!

E eis que chega, para acelerar nossos corações, a esperada semana do Atletiba. Não há mais sono que restaure, tampouco há refeição que caia bem. A gente frita sete dias na cama sonhando com a noite de domingo que, em caso de vitória, há de nos restituir o merecido descanso ao corpo que no limite das forças estará fatigado, mas feliz.
Eu fico imaginando os caras que nasceram em Porto Alegre e seus Grenais. Os cariocas com seus Fla-Flus e Flamengo X Vasco. Fico imaginado os paulistanos que há gerações acompanham os renhidos Corinthians x Palmeiras e aí me dá uma tristeza dessa gente: nunca saberão o que é um Atletiba!Ah, o Atletiba maltrata a gente. O Atletiba exige do corpo e da alma esforços que vão além das possibilidades humanas. Só quem viveu o Atletiba pode - depois de morto e noutra dimensão - dizer a Ele que viveu, intensamente, cada segundo da existência. O Atletiba, de tão cruel, mata aos poucos. Eu mesmo faz quase 30 anos que morro a cada clássico e já perdi as contas de quantas vezes prometi: "Este foi o último! Mais um desses e eu embarco rumo à Eternidade!". Mas o Atletiba, na altura do campeonato em que me encontro, nunca é o último (assim espero!) e nem o primeiro.
Só quem viveu o Atletiba pode testemunhar as peripécias do garoto Joel, no bicampeonato de 1983, dentro da casa deles. E o que dizer do "amistoso" das faixas em Novembro de 1985? Em 1990, Dirceu - o Carrasco - marcando o gol de empate, nos acréscimos, na noite fria de 1º de Agosto, e no domingo seguinte marcando um dos gols do título estadual (o outro foi marcado por Berg, contra, para delírio Rubro-Negro nas arquibancadas do Estádio que tremia, como ainda treme).
E os 5x2 de virada em Abril de 1997 no hoje desativado Pinheirão? Os verdes abriram 2x0 e nós, em 35 minutos, viramos o clássico para 5x2, com direito a dois gols de Jorginho Pé Murcho e a Dança da Bundinha protagonizada pelo endiabrado zagueiro Andrei. O Atletiba não é um jogo na vida: o Atletiba é a vida num jogo! Ou vocês se esqueceram dos três Clássicos que decidiram o Estadual de 1998?
Naquela sequência eu perdi, seguramente, cinco anos de vida e por isso vou morrer um lustro antes do esperado. E vou morrer feliz: Nélio deu para os coxas o primeiro, o original, o patenteado, o legítimo "cala a boca!", depois repetido pelo bobalhão do Tuta, este um grande filho da trairagem (fui de prosa, pois o verso era óbvio demais). Depois o título de 2000 - o primeiro na Arena Monumental da Baixada - com gol do zagueirão Gustavo, aos 31 do segundo tempo (após o gol, veio a expulsão do zagueiro-artilheiro e nós ficamos com o coração na boca até o apito final do Godói).
Abril de 2005 e a decisão nos pênaltis. O troco de 1978! Se o título deles teve gosto de Manga, nosso triunfo teve sabor de Lima. Atletiba é assim: olho por olho, dente por dente! Se com Manga tu feres, com Lima serás ferido! Atletiba é pau a pau, é palmo a palmo, é sete palmos pra baixo da terra, pois mata a gente um pouco a cada edição. Coração batendo a 180 por minuto. A pulsação sentida na veia do pescoço. Suor frio escorrendo pelo corpo. A cara branca e os olhos estalados. A voz engatilhada na garganta. Torcedores convertidos em foguetes prestes a explodir logo que a bola toque o barbante adversário.
Atletiba, amigo, é a prova de que o curitibano tem alma. Atletiba, amigo, é jogo que quando a gente ganha parece que a alma fica maior do que o corpo. Amigo, Atletiba é Corpo, Alma e Paixão. Agora some tudo isso aí e vai me dizer que não dá CAP...
Domingo, na Arena Monumental da Baixada, será escrito mais um CAPítulo do Clássico. Para cada representante verde que passar pelas catracas haverá pelo menos dez Atleticanos loucos para empurrar o Atlético Paranaense para mais uma vitória. É chegada, para maltratar nossos corações, a semana do Atletiba. Não há mais sono que restaure, não há refeição que caia bem. A gente frita sete dias na cama sonhando com a noite de domingo! Que venha a vitória, envolta no Pavilhão Vermelho e Preto, para nos restituir o merecido descanso, pois o corpo, lá pelas 22 horas do dia 07 de Março de 2010, estará fatigado, mas feliz.
E QUE A PAZ ESTEJA CONOSCO! SOMOS RIVAIS, NÃO INIMIGOS!