17/02/2010

Testamento.

O que não tenho e desejo
É que melhor me enriquece
Tive uns dinheiros – perdi–os...
Tive amores – esqueci–os
Mas no maior desespero.
Rezei: ganhei essa prece.
Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado.
No meu olhar fatigado,
foram terras que inventei.
Gosto muito de crianças:
não tive um filho de meu.
Um filho!...
Não foi de jeito...
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu.
Criou-me, desde eu menino,
para arquiteto meu pai.
Foi – se um dia a saúde...
Fiz–me arquiteto?
Não pude!
Sou poeta menor,perdoai!
Não faço versos de guerra
não faço porque não sei.
Mas num torpedo-suicida
darei de bom grado a vida
na luta em que não lutei!