12/02/2010

Futebol ainda faz os olhos do artilheiro brilharem.

O futebol têm suas histórias, realidades, alegrias e dramas. Assim como vivem e passam todos seus heróis e mitos. E são nestes adjetivos que se encaixa um craque e um dos ídolos da torcida do Atlético Paranaense.
Aos 50 anos de idade, o ex-atacante Washington, campeão estadual pelo Rubro-Negro em 1982, é um dos principais responsáveis em levar o Furacão ao inédito, até então, 3.º lugar no Brasileirão no ano seguinte, tenta com otimismo driblar e vencer uma grave enfermidade - Esclerose Lateral Amiotrófica - mais conhecida como ELA.
A doença atinge as células do sistema nervoso central e prejudica os movimentos, fala e o sistema respiratório. O ex-jogador convive com o problema há quatro anos e vem sendo assistido pelo médico Aluísio de Melo Jr., neurologista do Hospital Nossa Senhora das Graças.
Procurado pela reportagem do Paraná Online, em novembro de 2009 Washington aceitou conversar, mas não se deixou fotografar, ou mesmo que sua imagem viesse à público naquele momento.
“Não quero ser tratado como coitadinho. É um fato: estou enfermo, mas busco minha recuperação”, disse na época o atacante que para ter um melhor acompanhamento morava nos últimos tempos num dos cômodos da casa do seu filho, Washington Júnior, no bairro do Capão da Imbuia, em Curitiba.
Assim como o pai, Washington Jr., 21 anos, é jovem atacante ainda busca espaço e projeção no futebol. Tem contrato com o Furacão e na última temporada foi emprestado ao Ituituba Esporte Clube, de Minas Gerais.
“O garoto tem futuro, só precisa que lhe dêem boas oportunidades. No Atlético, ou em outro clube”, diz o pai que se mostra também preocupado com o futuro da jovem promessa. “Não estou podendo acompanhá-lo no momento. Mas sei que ele tem potencial e pode melhorar. Falo sempre com ele, lhe dou conselhos”, conta o pai. O filho voltou para o CT do Caju, onde treina com o grupo.
Washington acabou sensibilizado por amigos e foi em dezembro para o Rio de Janeiro participar de uma homenagem num jogo beneficente promovido por Zico e outros ex-craques da bola (matéria nesta página). A partir daí deixou-se fotografar e falar mais abertamente com a imprensa.
Parceiro do Dunga
Os olhos do atacante continuam brilhando e o papo flui fácil quando o assunto continua sendo futebol, Campeonato Brasileiro, seleção e Copa do Mundo. “Ser treinador da seleção do Brasil é fácil. Tem muitas opções e bons jogadores aí. É só fazer o feijão com arroz e não inventar”, diz sorrindo Washington, que jogou junto com o atual treinador da seleção nos tempos do Internacional, no começo dos anos 80 antes de vir para o Atlético, com outro meia-atacante Assis.
Os dois fizeram época no Rubro-Negro e depois foram desfilar a elegância nos campos, consagrando-se nas conquistas de títulos do Fluminense. Foram três campeonatos cariocas e um brasileiro, de 1984.
Washington é solidário com Dunga quando a questão é grupo, termo muito utilizado pelo técnico da seleção. “Ter um grupo identificado com o treinador, é fundamental. Ninguém ganha sozinho, principalmente num jogo de futebol”, afirma o camisa 9 do Atlético e Fluminense.
Ouro em Indianápolis
Washington ainda atuou pela seleção brasileira que ganhou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1987, em Indianápolis, no Estados Unidos. O técnico era Carlos Aberto Silva, que tinha ainda entre outros jogadores Taffarel, Ricardo Rocha, Geraldão, André Cruz, Nelsinho, Valdo, Edu Marangon, Pita, Careca Bianchezi, Evair e João Paulo.