26/09/2009

Em carta, arquitetos da Copa priorizam projetos sustentáveis.

"Carta de Salvador" sintetiza os princípios que devem nortear as obras voltadas ao Mundial.
Reunidos em Salvador entre os dias 10 e 11 de setembro, os arquitetos responsáveis pela modernização ou construção de arenas da Copa 2014 sintetizaram, em documento batizado de "Carta de Salvador", os princípios que devem nortear as obras em função do Mundial. Para eles, a sustentabilidade, entendida em seus aspectos ambiental, econômico e social, deve ser o princípio básico de todas as intervenções. "(A sustentabilidade) é fator essencial para os projetos urbanísticos e dos estádios necessários para a realização da Copa 2014, e deve ser considerada princípio prioritário por todos os profissionais e contratantes de projetos e obras para o evento esportivo organizado pela Fifa e CBF", afirma o documento.
Confira na íntegra a carta dos arquitetos da Copa à sociedade.
Carta de Salvador
Os arquitetos reunidos no 2º Fórum Time dos Arquitetos da Copa, dias 10 e 11 de setembro, em Salvador-BA, discutiram o tema da sustentabilidade nos projetos para a Copa 2014, com ênfase nas futuras arenas das cidades-sede. Ao final do encontro, definiram algumas recomendações essenciais que devem ser levadas em conta por governantes e contratantes públicos e privados de projetos e obras para a realização do Campeonato Mundial de Futebol no Brasil.
A primeira e fundamental recomendação é de que a sustentabilidade - entendida em suas dimensões ambiental, social e econômica - é fator essencial para os projetos urbanísticos e dos estádios necessários para a realização da Copa 2014, e deve ser considerada princípio prioritário por todos os profissionais e contratantes de projetos e obras para o evento esportivo organizado pela Fifa e CBF.
A sustentabilidade nos projetos de arquitetura é o ponto de partida para se ter estádios ambiental, econômica e socialmente adequados, tanto na definição dos partidos arquitetônicos, quanto na escolha dos sistemas construtivos, materiais e equipamentos, instalações elétricas, hidro-sanitárias, de ar-condicionado, de aquecimento, tratamento e destinação de resíduos líquidos e sólidos, bem como dos serviços gerais das arenas e demais integrantes dos complexos multiusos (restaurantes, estabelecimentos comerciais e culturais diversos).
É essencial à sustentabilidade econômico-financeira que os projetos de equipamentos públicos e privados sejam precedidos por estudos de viabilidade técnica, para que sejam úteis à sociedade, evitando-se a construção de “elefantes brancos”, com desperdício de recursos. Economia, no caso, entendida não somente como redução de custos, mas também como a diminuição do gasto energético e dos gastos com a manutenção futura. Estas duas posturas econômicas visam a um legado efetivo das obras, em relação direta com o investimento da comunidade que as gestou.
Nesse sentido, os profissionais reunidos no 2º Fórum Time de Arquitetos da Copa dirigem-se aos governantes e entes privados envolvidos com projetos e obras para a realização da Copa 2014 e recomendam:
1. Que o conceito de sustentabilidade seja compreendido em suas dimensões básicas: ambiental, econômica e social;
2. Que os projetos para a Copa de 2014 consolidem um legado de sustentabilidade após o evento esportivo, especialmente no campo social e permitam a necessária transformação e modernização do futebol brasileiro.
3. A busca de projetos e obras em sintonia com as diretrizes internacionais de sustentabilidade;
4. A realização de projetos e obras com operação viável a longo prazo, econômica e socialmente;
5. Que os projetos e obras sejam adequados às condições e necessidades regionais;
6. A busca da certificação LEED, do Green Building Council, em todos os projetos de arenas esportivas, com o objetivo de transformar a Copa do Mundo Fifa-Brasil 2014 na primeira Copa Verde do planeta.
7. Que as obras para a Copa de 2014 sigam fielmente as diretrizes dos projetos e sejam também realizadas em sintonia com as recomendações internacionais de sustentabilidade.Além dos itens relativos à sustentabilidade, os arquitetos presentes também decidiram registrar:
8. Que, apesar de governos, clubes, investidores e federações trabalharem por um objetivo comum (a Copa de 2014), há uma série de interesses divergentes que prejudicam o desenvolvimento dos projetos dos estádios e seu entorno.
Esses fatores jogam contra um planejamento adequado das obras, que devem necessariamente começar por projetos arquitetônicos e de engenharia completos, com orçamentos detalhados, com o propósito de diminuir custos e realizar um planejamento viável, capaz de cumprir os prazos da Fifa.
9. A necessidade de atender aos clientes - clubes e governos - sem abrir mão do compromisso com o cliente final, o futuro usuário dos estádios, especialmente após a Copa de 2014;
10. A urgência de ampliar a integração entre os escritórios e arquitetos participantes dos preparativos da Copa de 2014.