13/07/2010

Incertezas sobre a Arena alimentam novos planos.

Quando Curitiba foi escolhida uma das sedes da Copa do Mundo 2014, a Arena da Baixada era colocada como o pilar de uma candidatura bem sucedida. No entanto, prestes a acabar o prazo de apresentação do plano de viabilidade econômica do estádio, o campo do Atlético-PR está se tornando uma espécie de tormenta para autoridades políticas locais.

A favor existia o fato de 70% da construção já ter sido erguida, além do engajamento da antiga diretoria rubro-negra, liderada por Mário Celso Petraglia. Mas a mobilização estagnou. Recentemente, o atual presidente do Furacão, Marcos Malucelli, chegou a declarar: “O Atlético-PR não perde em nada se a Copa não for realizada na Baixada”.

Com alegação de dificuldade em captar recursos para adequar a Arena ao caderno de encargos da Fifa - R$ 150 milhões, Malucelli contrariou o discurso de prioridades da sua própria chapa ao assumir o clube em 2009. Abriu-se um precedente para que a planos B, C e até mesmo D fossem especulados na capital paranaense.

O primeiro “plano reserva” seria uma “Arena Paratiba”, orçada inicialmente em pelo menos R$ 400 milhões. O possível estádio teria Coritiba e Paraná Clube como usuários. No entanto, sequer houve um pronunciamento oficial das construtoras citadas pelos clubes e autoridades políticas como interessadas. Nenhuma proposta concreta de financiamento apareceu.

Posteriormente surgiram outros dois planos, ainda sem orçamento estimado. Um deles transformaria o antigo Durival Britto e Silva, palco curitibano da Copa de 1950, em uma moderna arena.

- Isso em uma situação de emergência. Se o Pinheirão (onde se cogita construir a Arena Paratiba) não for viabilizado, a Vila Capanema poderia ser uma alternativa - disse Aquilino Romani, presidente do Paraná, cujos jogadores chegaram a entrar em greve por atraso nos pagamentos durante a parada do Mundial.

Por fim, surge um plano D: o acanhado Estádio do Pinhão, único projeto reserva oficialmente recebido pela Comissão Estadual da Copa, como indicou o governador do Paraná, Orlando Pessuti. Ainda assim, até os poucos torcedores do time que utiliza o local chegam a ironizar a construção de uma arena nesse campo, localizado na vizinha cidade de São José dos Pinhais.

- Não estou entendendo. Querem deixar o moderno estádio do Atlético de lado pra fazer a Copa aqui no Xingu? É bom para nós aqui da região. Só que vai custar bem mais caro para o povo - questionou o mecânico Armindo Drech, 65 anos, um dos cerca de 50 torcedores do Sport São José presentes na partida contra a Portuguesa Londrinense, pela 2ª Divisão do Campeonato Paranaense, realizada no último domingo.

Nenhum dos três grandes da capital paranaense demonstra interesse em utilizar o estádio - mesmo que adequado ao caderno de encargos da Fifa. Apesar das incertezas, autoridades locais são enfáticas ao dizer: “O estádio curitibano para o Mundial é a Arena da Baixada” como ressaltou o gestor municipal para assuntos da Copa 2014, Luiz de Carvalho.

Adequação da Arena da Baixada ainda nos bastidores

Desde a exclusão oficial do Morumbi como palco da abertura da Copa do Mundo 2014, anunciada pela CBF, a Arena da Baixada foi colocada em xeque. Ou se gastam cerca de R$ 150 milhões para a adequação do estádio ao caderno de encargos da Fifa ou nada de Copa 2014 no reduto atleticano.

Prefeitura e governo se uniram para convencer a atual diretoria do Atlético-PR a não desistir. Por isso, em recente viagem para a África do Sul, uma comitiva de políticos paranaenses solicitou ampliação do prazo para entrega das garantias de viabilidade econômica da Arena da Baixada. Passou de 14 de julho para o fim do mês, de acordo com o governo.

Além de uma proposta de títulos de “potencial construtivo” oferecida pela prefeitura, com possibilidade de vendas para empreiteiras, surgiram duas novas opções para viabilizar financeiramente a adequação da Arena da Baixada: o uso do ‘naming rights’ (direito sobre a propriedade de nome do local) por parte da Copel (Companhia de energia elétrica do Paraná) e uma proposta de parceria feita pela Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná).

Sobre a proposta de ‘naming rights’ da estatal, com valores de patrocínio indefinidos, a diretoria atleticana não se manifestou. Apenas a Associação de Sócios do Atlético (Assocap), liderada pelo ex-presidente rubro-negro Mário Celso Petraglia, se pronunciou.

- Todos os grandes centros do futebol brasileiro estarão presentes na Copa 2014. Se desperdiçarmos essa oportunidade, amargaremos para sempre a posição de coadjuvantes - disse o cartola.

Receoso em perder a Copa, o empresariado local também entrou na questão. Atualmente, a Fiep negocia com a diretoria atleticana a possibilidade de investir no estádio. Receberia em troca um número a ser definido de cadeiras e camarotes, além da nomeação de um setor do estádio.

Questionado sobre as alternativas, o presidente do conselho deliberativo do Rubro-Negro parananese, Gláucio Geara, limitou-se a reafirmar: “Nossa postura é a mesma”.

A frase resume a firmeza do Atlético em não querer bancar mais que 33% do valor total das obras, que ainda não têm previsão para início e fim.

Obras do aeroporto curitibano ainda no papel

nvestimentos também são necessários para o setor aeroportuário no Paraná. Ampliações do terminal de embarque, do pátio e da pista de decolagem. Essas são as principais obras previstas para o Aeroporto Internacional de Curitiba para a Copa do Mundo 2014.

- Atualmente estamos articulando a construção de uma nova pista de decolagem - disse o secretário do governo paranaense para a Copa 2014, Wilson Portes.

A administração do aeroporto localizado na região metropolitana de Curitiba afirma que já existem obras em andamento. No entanto, não foram especificadas quais, e, de acordo com funcionários, as melhorias existem apenas no papel.

Reuniões entre representantes da Secretaria Estadual para Assuntos da Copa 2014 e da Empresa Brasileira de Estrutura Aeroportuária (Infraero) foram realizadas durante o ano.

Cerca de R$ 110 milhões estão previstos para obras no aeroporto até 2014. O Afonso Pena tem capacidade para 14 voos por hora, mas atende cerca de 18 no período em horários de pico, conforme estudos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Entre as reclamações dos usuários, a falta de vagas para estacionar veículos, os atrasos nos voos e a ausência de conforto durante a espera.

Rede hoteleira de Curitiba já atende demanda, segundo sindicato

A rede hoteleira de Curitiba e região metropolitana promete não ser um problema durante a Copa do Mundo 2014. Atualmente a capital paranaense conta com cerca de 20 mil leitos e pouco mais de 220 hotéis, com crescimento estimado entre 10% e 20% até o início da disputa.

- Creio que nossa capacidade já atende a demanda da Copa - disse o diretor do Sindicato de Hotéis de Curitiba, Aguiar Borsato Silva, baseado em reuniões do Conselho Estadual de Turismo.

A opinião é a mesma do governador do Paraná, Orlando Pessuti.

- Somos uma das regiões mais bem preparadas do Brasil nesse aspecto - disse.

Em 2009, durante reunião com a empresa prestadora de serviços de acomodação e hospitalidade para a Fifa, representantes de hotéis do litoral paranaense também mostraram interesse em recepcionar os turistas da Copa. A organização do Mundial permite que leitos de cidades até 120 quilômetros da sede sejam cadastrados nos pacotes turísticos licenciados para o torneio.