15/12/2009

Secretário promete cerco às organizadas no Estadual.

Entrevista com Luiz Fernando Delazari, secretário de Segurança Pública do Estado do Paraná.
Luiz Fernando Delazari incorporou o papel de líder na cruzada contra as torcidas organizadas. Incomodado com a violência que tomou conta do Couto Pereira – e de parte de Curitiba – após o rebaixamento do Coritiba, há pouco mais de uma semana, o secretário de Segu­rança Pública do Paraná resolveu bater de frente com os “uniformizados”.
Paralelamente a ações que resultaram na prisão de 17 pessoas até o momento e na interdição da sede da Império Alvi­­verde, principal facção ligada ao Coxa, Delazari vem pregando a extinção das organizadas. “São estruturas criminosas apodrecidas pelo tempo”, diz. O discurso, contudo, ainda não en­­controu eco nos corredores do Mi­­nistério Público e do Poder judiciário, indecisos sobre a eficácia da me­­dida. Delazari conversou on­­tem, por telefone, com a Gazeta do Povo. E, independentemente de respaldo, promete “partir para cima” da principal organizada do Paraná Clube.
O que será feito de efetivo para co­­locar em prática a ideia de ex­­tinção das organizadas? Há alguma conversa engatilhada com o Ministério Público?
O Ministério Público vem participando do trabalho. Há um estudo sobre a possibilidade de se ingressar com ações para extinguir as torcidas. No nosso entendimento, são estruturas criminosas apodrecidas pelo tempo, que só se prestam ao trabalho de cometer crimes, se escondendo atrás do futebol. Apenas neste ano foram 850 BOs (Boletins de Ocorrência) em jogos de futebol. No último Atle­­ti­­ba, 154. São boletins relacionados a agressão, lesão corporal, baderna… Isso não tem mais sentido.
A Secretaria de Segurança pode fazer algo por conta própria?
A Sesp fez o que podia ser feito. La­­crou a sede da Império, prendeu os envolvidos, fez um trabalho de bus­­ca e apreensão… Agora, em par­­ceria com a diretoria do Coxa, pretendemos ingressar com uma ação civil para usar os bens e o dinheiro em nome da torcida para arcar com os prejuízos causados. Agora, o restante cabe ao Poder Judiciário e ao MP.
Serão tomadas medidas restritivas à presença das organizadas no estádio já para o Paranaense?
Va­­mos entrar em contato com os clubes para que não permitam o in­­gresso desses torcedores, não reservem local, não deixem entrar com a camisa das torcidas. Essas camisas servem apenas para uns poucos privilegiados, que se auto­­intitulam diretores, ganhar di­­nheiro, em detrimento do prejuízo dos clubes.
O que será feito em relação às outras organizadas do Coritiba e de outros clubes?
O Coritiba tem uma posição muito clara, adotada pelo seu presidente, de que não está para brincadeira. Ninguém fala, mas a torcida do Paraná Clube escoltou a torcida do Fluminense naquele jogo. E deu muito trabalho para a polícia. Va­­mos para cima da Fúria também.
Que outras medidas poderiam ser tomadas para que a paz volte aos estádios de Curitiba?
É preciso melhorar as condições de segurança, filmar os torcedores, cadastrá-los… Se não tomarmos uma atitude, em quatro ou cinco anos, na Copa do Mundo, esses torcedores organizados vão se reunir para bater nas delegações estrangeiras.