18/11/2009

O Menino da sua Mãe.

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas de lado a lado -
Jáz morto e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem!
Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
"O menino da sua mãe".
Caía-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira alada
Ponta a roçar o solo
A brancura embainhada
De um lenço
...Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo e bem!
"(Malhas que o Império tece!)
Jáz morto e apodrece
O menino de sua mãe.